

Estreada a 20 de fevereiro na Netflix, Dia Zero (título original: Zero Day) é uma minissérie de suspense político que ganhou nova relevância nos últimos dias, após os inesperados apagões que deixaram Portugal e Espanha parcialmente às escuras. O que parecia ficção tornou-se subitamente real.
Protagonizada por Robert De Niro, que também é produtor executivo, a série mergulha num cenário alarmante: um ciberataque coordenado que desativa as infraestruturas críticas dos Estados Unidos, mergulhando o país numa crise sem precedentes. De Niro interpreta George Mullen, um ex-presidente norte-americano chamado de volta ao serviço para liderar a Zero Day Commission, encarregada de investigar as origens do ataque e tentar evitar o colapso total.
Com uma narrativa tensa e atual, Dia Zero explora temas como a fragilidade dos sistemas digitais, a manipulação da informação, a polarização política e o impacto humano de um colapso tecnológico em larga escala. A série levanta ainda questões sobre a confiança nas instituições e a preparação das nações para eventos catastróficos modernos.
A coincidência com os eventos recentes na Península Ibérica é inquietante. Embora as autoridades tenham descartado, até agora, a hipótese de um ciberataque no caso europeu – atribuindo as falhas a problemas técnicos originados no sul de França –, o caos vivido por milhares de cidadãos ibéricos espelha, em muitos aspetos, o que é retratado na ficção: transportes parados, hospitais em modo de emergência, comunicações intermitentes e uma sociedade temporariamente desorientada.
Mesmo sem uma origem maliciosa confirmada, o episódio serve de alerta para a dependência extrema da energia e da tecnologia no quotidiano moderno – exatamente o tipo de vulnerabilidade que Dia Zero dramatiza com maestria.
Mais do que entretenimento, a série é um espelho distorcido, mas assustadoramente próximo, do mundo real. Se ainda não viu, talvez agora seja o momento certo para assistir.